Dia 20 de dezembro é comemorado o dia do mecânico no Brasil. Mas, como surgiu essa profissão?
O que seria do mundo sem os inventores, engenheiros e mecânicos? Já parou para imaginar? Pois é, acredito que quase tudo o que conhecemos sequer existiria. Foi, e continua sendo por meio dessas profissões revolucionárias, que novas coisas são criadas e aperfeiçoadas para utilidade pública.
Segundo o dicionário da língua portuguesa, um dos significados da palavra mecânico é o que produz movimento, ou seja, o que cria, transforma e melhora o que já existe. Dizem por aí, que não há quase nada que um bom mecânico especializado não possa resolver.
Quem foi o primeiro mecânico do mundo?
O primeiro mecânico do mundo, foi Henry Maudslay, nasceu na Inglaterra, em 1771. Ele se desenvolveu durante um período de grandes revoluções, como a Revolução Americana de 1776, Revolução Francesa de 1789 e a Revolução Haitiana de 1791.
Henry, foi engenheiro e inventor, profissões que contribuíram com a sua especialização final de mecânico. Assim sendo, foi considerado na época, como um dos pioneiros no desenvolvimento do torno mecânico. O torno mecânico ou a máquina ferramenta, foi uma das suas grandes invenções. Isto porque, através da sua movimentação mecânica por um conjunto de outras ferramentas, utilizando materiais como metal, plástico, madeira, foi possível criar e consertar outras peças.
Conta-se a história que o mentor de Henry foi Joseph Bramah, o homem que inventou a prensa hidráulica e diversos tipos de fechaduras. Posteriormente, fundou a própria empresa, a Brahma Locks, a qual se tornou referência de alta segurança e ainda existe na cidade de Londres. Mais tarde, Maudslay, também se tornou professor de outros grandes nomes na históia. De James Nasmyth, conhecido como o inventor do martelo a vapor, e de Joseph Whitworth, que foi quem criou o primeiro padrão aceitável para roscas.
Por volta de 1810, Henry fundou também a sua própria empresa, a Maudslay, Sons and Field, em conjunto com o sócio Joshua Field. Nesse meio tempo, grande parte das suas invenções foram peças fundamentais para a Revolução Industrial que transformou o mundo completamente.
Foi Henry quem adaptou o primeiro torno para um torno a vapor. Um dos primeiros movimentos de melhoria das máquinas que passavam a depender de menos mão de obra. Consequentemente, dando o primeiro passo para que grandes fábricas não precisassem mais de tantos trabalhadores para desempenhar a mesma função.
Um dos setores que mais sofre ajustes e melhorias é o setor automobilístico. Assim sendo, atualmente, ele é responsável por 10% do desenvolvimento econômico no Brasil, e é também um dos setores que mais cresce. Visto que, está em diversas frentes, desde a importação de veículos e peças, a produção nacional, a grandes eventos do setor que movimentam também o setor turístico.
A indústria automobilística no Brasil teve início nos anos 20, quando ter carros nacionais ainda era apenas um grande sonho. Nas ruas, o que se encontrava eram os veículos importados pela Ford Motors Company, e posteriormente pela General Motors Company.
O modelo Peugeot Type 3 foi o primeiro carro a rodar no Brasil, tendo sido importado pela família do inventor do avião, Santos Dummont. Mais tarde, outro modelo chega a São Paulo trazido pela família do fundador da Polícia Militar Paulista, Tobias de Aguiar, e no Rio de Janeiro, encomendado pelo jornalista José do Patrocínio.
Entretanto, a primeira fábrica a se instalar em território nacional viria apenas em 1919, ano em que a Ford Motors Company iniciou, em São Paulo, sua produção de modelos T a serem vendidos no país, seguidos seis anos mais tarde pela rival General Motors, que na época montava apenas unidades do ônibus conhecido como “cabeça de cavalo”.
Todavia, apesar do surgimento de montadoras no Brasil, ter um carro próprio era algo ao alcance de muito poucos, fato que desde aquela época já garantia ao detentor do carro o status de poder e imagem de destaque na sociedade. Andar de carro era sinônimo de ostentação e orgulho, e muitos utilizavam seus veículos como uma forma de desfilar pelas ruas da cidade.
Durante a Segunda Guerra Mundial, algo no mercado começou a mudar. De acordo com o aumento do desgaste dos veículos que estavam à frente nas batalhas, cresceu a procura e a necessidade de trazer peças de reposição para a manutenção dos mesmos. Foi então, que uma grande porta se abriu para aqueles que aspiravam construir automóveis brasileiros.
Em contrapartida, a indústria brasileira ainda tinha muito o que fazer para engatar de vez. Em primeiro lugar, porque a lei da divisão internacional do trabalho, os tratados e acordos precisavam de ajustes. Segundo, porque ainda que o país conquistasse os tratados e acordos, os países subdesenvolvidos estariam sempre à frente quanto à qualidade de matéria-prima dos seus produtos industrializados. Isto é, a estrada era longa e ainda incerta para nós.
Foi só em 1952, quando o atual presidente Getúlio Vargas instalou a subcomissão de jipes, tratores, caminhões e automóveis, que a história da indústria brasileira começou a melhorar. Também conhecida como a Comissão de Desenvolvimento Industrial – CDI, a começar pelo CEXIM, em 19 de agosto do mesmo ano, ato que liberou a importação de autopeças. Ainda assim, limitando o licenciamento a itens não fabricados no Brasil. Um pouco depois, em 30 de outubro, o presidente também instaurou a produção nacional de autopeças.
E não parou por aí, foi na presidência de Juscelino Kubitschek, que a data que é considerada o 1º marco histórico da indústria automobilística no Brasil aconteceu. Isto porque, durante o primeiro ano do seu mandato, em 16 de maio de 1956, que o GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística foi implementado. Por fim, o GEIA abriu caminho para planos e iniciativas para o setor nacional.
Há relatos de que já em 1956, alguns automóveis tenham sido fabricados por aqui. Contudo, foi a partir de 1957 que a produção foi oficialmente registrada, inclusive dos carros fabricados no ano anterior. Durante esse período, o GEIA aprovou dezessete projetos dos vinte que recebeu. Destes, apenas doze foram de fatos realizados. Veja abaixo quais foram eles:
Fábrica Nacional de Motores (caminhões, ônibus e tratores)
Ford Motor do Brasil S/A (caminhões, automóveis, utilitários e tratores)
General Motors dos Brasil S/A (caminhões e automóveis)
Internacional Harvester S/A (caminhões)
Karmann Ghia do Brasil (carrocerias de automóveis)
Mercedes Benz do Brasil S/A (caminhões e ônibus)
Simca do Brasil (automóveis e picapes)
Scania Vabis do Brasil (caminhões e ônibus)
Toyota do Brasil S/A (utilitários)
Vemag S/A (automóveis e picapes)
Volkswagen do Brasil S/A (picapes, furgões e automóveis)
Willy Overland do Brasil (utilitários, picapes e automóveis)
Os primeiros modelos fabricados inteiramente em território brasileiro são a perua DKW, da Vemag e o carro-bolha Romi-Isetta, fabricado pela Romi Tornos. Este último não durou muito tempo, enquanto a perua persistiu por mais tempo no cenário.
Após ter sido dada a largada, a indústria automotiva foi pouco a pouco conquistando espaço e fazendo com que o carro se tornasse algo não só cultural, mas também familiar no Brasil.
Alguns modelos icônicos para qualquer brasileiro foram lançados ainda nos anos 50. Em 1959, a Volkswagen do Brasil passa a fabricar seu modelo besouro, o tão amado Fusca, com motor 1200 refrigerado a ar. O carro já estava presente no país desde o começo dos anos 50, porém, assim como a Kombi, era apenas montado no país com peças importadas.
A Simca do Brasil lança o Simca Chambord, carro que, apesar de ser muito luxuoso e ter sido uma grande ferramenta do marketing da Simca (pois apareceu no primeiro seriado da TV brasileira, o Vigilante Rodoviário) não correspondia às expectativas, pois sua embreagem e parte elétrica estavam sempre dando problemas.
Após mais alguns anos de lançamentos, como o jipe Aero Willys, o Alfa Romeu 2000 (batizado de “JK” em homenagem ao presidente), o Gordini (antigo Renault Dauphine), Karmann-Ghia, e outras atualizações nos modelos mais antigos, surge um carro em 1967 que dá uma revirada em todo o cenário: o Ford Galaxie.
Considerado o primeiro “carrão” nacional, os brasileiros enfim podem ter um carro de 1º mundo fabricado no Brasil. O Galaxie veio para mostrar que o cenário automotivo estava evoluindo, e que o público se tornava cada vez mais exigente com os níveis padrão de conforto, luxo e estilo dos carros, sem dispensar o desempenho do motor embaixo do capô.
Com isso, a Ford conquista o mercado e compra a Willys do Brasil, lançando assim o Corcel, carro de extremo sucesso para época e com clara aceitação. Seguido deste fato, temos o lançamento do Opala da GM, com um desempenho assombroso para a marca, que até então fabricava apenas caminhões.
Mas e a profissão do mecânico?
Os mecânicos foram grandes estudiosos que desenvolveram maquinários delicados como relógios. Estes eram grandes estudiosos que criaram máquinas básicas. Mas a profissão como conhecemos vem anos depois.
Os profissionais de mecânica surgiram com maior regularidade na revolução industrial, na manutenção e reparo de maquinário, mas com o advento dos automóveis no final do século XIX, foi onde tornou-se necessário mais profissionais que pudessem atuar na manutenção.
Como já vimos, esta profissão é muito além da prática que superficialmente vemos aplicada nas oficinas. Esta área conta com cursos iniciais que começam com 2 ou 3 anos, somente a parte básica. A partir disso, ela se amplia num leque que nos leva ao universo.
E nunca se pode parar de estudar, visto que a cada ano lançam mais e mais novas tecnologias que deixam nossa vida muito mais confortável, e a cabeça dos nossos mecânicos cada vez mais inteligentes.
Esta profissão celebrada hoje, se desenvolveu na prática cotidiana, e, embora isso ainda aconteça, o desenvolvimento é tão grande que inclusive existe um curso superior de engenharia mecânica, para a especialização profissional.
Dia do Médico das máquinas: Nem só de carros vivem os mecânicos, a área de atuação deste profissional inclui maquinário industrial, aviões e até embarcações, além das nossas queridas motocicletas.
Dentre as especializações existentes podemos citar a área da mecatrônica, que produz equipamentos de alta tecnologia ou mesmo na área automobilística, atuando na projeção e criação até de caminhões.
Hoje já existem equipamentos tão especializados que é possível analisar um veículo com um scanner, a fim de sanar com mais certeza o problema. Então mesmo um mecânico com nível básico tem ferramentas de alta tecnologia disponíveis.
Dito tudo isso, podemos considerar que a celebração do dia do mecânico chega a ser uma celebração milenar. Muito mais do que o mecânico que fica na oficina, este profissional entrega muito estudo e dedicação no serviço.